sábado, 17 de abril de 2010

Sounds Of Silence


A Capa


A história de Sounds Of Silence é cheia de idas e vindas: muita gente não sabe, mas a dupla nova-iorquina Simon And Garfunkel tiveram uma carreira de duas fases, nos anos 60. O primeiro capítulo se deu quando os executivos da Columbia se interessaram pelo som deles, ao ouvi-los nos bares do Village.

Na época, a cena folk grassava, ainda mais naquela região da cidade a sua música, um misto da delicadeza vocal dos Everly Brothers com o espírito sisudo de protesto do Kingston Trio, com covers de canções tradicionais e letras ligeiramente sofisticadas foiparar em disco, o Wednesday Morning, 3 A.M.

Lançado no Inverno de 1964, como se disse, pelo fato de ser uma dupla mais conhecida na cena de Nova Iorque (ou seja, desconhecida) e de um blend refinado, tudo somado a um disco que não teve um appeal radiofônico e/ou divulgação merecida, afundou nas paradas. Resultado: Paul e Art passaram despercebidos.

O disco não vendeu e eles se separaram. Simon foi tocar na Inglaterra e tentar uma carreira-solo. É aquele tipo de coisa: quando menos se espera, é aí que elas podem vir a acontecer. Sem um mínimo de payola (o jabá deles), eis que alguns disc-jockeys começaram a receber pedidos insistentes de Sounds Of Silence.

A despeito de ter sido lançada no Wednesday Morning, 3 A.M., era óbvio que a canção tinha enorme potencial, mas a CBS cochilou e perdeu a chance de catapultar o álbum com ela. Contudo, os pedidos de ouvintes chegaram aos ouvidos do produtor do disco, Tom Wilson que, naquela época, trabalhava com Dylan. Naquele momento, o folk meio que se vooltava para o folk-rock, e ele, a revelia da dupla, decidiu retrabalhar a música.

Pegou uma banda de estúdio e, à maneira do som dos Byrds — na tendência de se eletrificar o folk (algo que não passava pela cabeça dos dois, naturalmente), que começava a fazer sucesso nas rádios, foi uma surpreendente remixagem de Sounds Of Silence, ponto os músicos a sutilmente tocar 'em cima' da versão original. Ele transformou a nova versão em single e pôs no mercado. A canção, composta em 63, era um triste e pessimista desabafo ante o estado de comoção pelo assassinato do presidente Kennedy, em Novembro do ano anterior.

qual não foi a surpresa do jovem Simon quando viu sua música esquecida chegar ao topo da Billboard no começo de 1966. Não pensou duas vezes: pegou o primeiro avião para Nova Iorque e, com novamente Art ao seu lado, gravou um punhado de canções para fechar um álbum — Sounds Of Silence. A repentina visibilidade foi o caminho para que, junto com essa voga, eles pudessem amalgamar o disco com o seu material tradicional, acústico.

A mistura foi o suficiente tanto para que eles se tornassem a coqueluche do Inverno daquele ano, quando para que o subestimado Wednesday Morning, 3 A.M. voltasse às prateleiras das lojas. O disco, inteligente e emocionante da primeira a última faixa, possui canções inesquecíveis como Blessed, Anji (um instrumental que lembra Kisses Sweeter Than Wine) Leaves That Are Green, a linda Kathy's Song e — é claro, a lindíssima April Come She will, onde Paul mostra todo o seu virtuosismo como solista. O disco fecha com a rancorosa I Am a Rock. Um clássico.



Links nos comentários (agradecimentos ao George Gramophone! Valeu, cara)

Um comentário:

Anônimo disse...

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